1) Do que trata?
"Show Me a Hero" é uma minissérie
estadunidense desenvolvida a partir do livro homônimo escrito pela jornalista
Lisa Belkin. A trama, baseada em fatos, narra o conflito deflagrado pela
população da cidade de Yonkers, no Estado de Nova Iorque, que resiste ao
cumprimento de uma decisão judicial que determinou a construção de casas
populares em bairros de classe média. A resistência da classe média da cidade é
motivada sobretudo por questões racistas, já que os brancos não querem conviver
com negros em seus bairros.
O enredo tem como protagonista o prefeito Nick
Wasicsko, um ex-policial, bacharel em Direito, que, com apenas 28 anos de idade, é
eleito prefeito de Yonkers para o biênio 1987-1989. Com a responsabilidade de ter-se tornado o mais jovem prefeito
de uma grande cidade em todos os Estados Unidos, ele assume seu mandato justamente no auge dos
conflitos racistas entre os brancos de classe média (seus eleitores) e os negros pobres -
beneficiários da decisão judicial.
2) Por que eu recomendo?
O crime atrai a atenção do público mais que
qualquer outro fenômeno. Por isso, é tão comum vermos séries e filmes que
retratam a jurisdição criminal. No entanto, são poucas as produções (de
qualidade) que se dedicam à abordagem da jurisdição cível. "Show Me a
Hero" é uma dessas raras produções. Ela deita seu olhar para a jurisdição
civil, notadamente sobre como a aplicação das astreintes, enquanto medida cominatória
idônea a assegurar o cumprimento de uma decisão judicial, interfere nas decisões políticas da cidade de Yonkers.
O conflito principal
da trama gira exatamente em torno da situação difícil experimentada pelo
alcaide Wasicsko, que, de um lado, vê-se ameaçado pela multa do "contempt
of court" (ato atentatório ao exercício da jurisdição), em face da potencial violação da ordem judicial
que determinou a construção de casas populares, ao passo que, de outro, tem de
suportar a pressão dos seus eleitores - isto é, a classe média branca racista
de Yonkers.
Trata-se de um drama político que, além de abordar o atentado à jurisdição, suscita uma reflexão salutar sobre questões como o racismo e a segregação socioespacial urbana nas grandes cidades, temas de relevo para o panorama dos direitos humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário